De acordo com dados do DataSus, Anvisa e a Organização Mundial da Saúde (OMS), a segurança do paciente continua sendo uma preocupação crítica nos serviços de saúde em todo o mundo. Em Alagoas, especificamente, a situação revela uma lacuna alarmante: menos de 3% dos serviços de saúde no Estado possuem um Núcleo de Segurança do Paciente, de acordo com a pesquisa realizada pelos especialistas em segurança do paciente Allan Agra e Vanessa Macedo.
A pesquisa, que utilizou os dados do DataSus e dos paineis de informação da Anvisa, analisou que dos 4.169 serviços de saúde de Alagoas cadastrados no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecidos de Saúde), 2.206 são elegíveis – conforme sinalizado em RDC 36/2013, e apenas 52 deles possuem um Núcleo de Segurança do Paciente. Esse número representa uma parcela mínima, destacando a necessidade urgente de medidas para melhorar a segurança dos pacientes em todo o estado. Abaixo, a distribuição de Núcleos de Segurança do Paciente por municípios em AL e por tipo de serviços.
A falta de um Núcleo de Segurança do Paciente pode ter consequências graves. Esses núcleos desempenham um papel crucial na identificação, prevenção e resposta a eventos adversos (erros ou falhas que poderiam ser evitados) nos serviços de saúde, muitas vezes chamados de “erros médicos”, termo incorreto e não mais aplicável. Os núcleos, quando instituídos, promovem uma cultura de segurança, implementando protocolos e diretrizes para minimizar riscos e garantir a qualidade do atendimento.
Comparativamente, se considerarmos a proporção nacional de serviços de saúde com Núcleo de Segurança do Paciente, dados do DataSus indicam que, dos 412.778 estabelecimentos de saúde cadastrados em todo o país, 182.827 são minimamente elegíveis, mas apenas, cerca de 4,8% possuem esse núcleo. Sendo assim, 0 alerta para implantação destes atores dentro de instituições de saúde não é exclusivo do Estado de Alagoas.
Para ilustrar a importância da segurança do paciente, é relevante observar as consequências da falta dela. Se pensarmos na dimensão dos riscos, podemos comparar o número de mortes em hospitais devido a eventos adversos com o número de viagens ou quedas de avião. Enquanto a aviação é considerada uma das formas mais seguras de transporte, a ausência de medidas adequadas de segurança nos serviços de saúde pode resultar em um número significativo de mortes evitáveis.
Apesar do foco e nomenclatura na “segurança do paciente”, as medidas adotadas dentro das práticas recomendadas pela OMS e Ministério da Saúde, que podem ser consultadas na RDC 36/2013, não afetam apenas o cuidado direto ao paciente, mas também na segurança institucional de clínicas, hospitais e outros serviços de saúde, uma vez que para cada evento adverso, há um custo associado no sistema de saúde – seja ele público ou privado:
“Segundo a OMS, por erros de medicação, são gastos anualmente US$ 42 milhões no mundo inteiro. Dessa forma, trabalhar este tema não é apenas para e diretamente ao paciente que é atendido em um hospital ou clínica, mas também há impacto financeiro, com a redução de custos a partir de danos ou gastos dos quais os serviços não precisam ter. Apenas tem por não evitar os erros, muitos dos quais nem conhecem”, relata Allan Agra.
É fundamental que instituições privadas, públicas e autoridades de saúde em Alagoas e em todo o país intensifiquem os esforços para promover a implementação de Núcleos de Segurança do Paciente em todos os serviços de saúde. Somente assim será possível garantir um ambiente seguro e de qualidade para todos os pacientes e sustentável ao sistema de saúde.
Para profissionais e serviços de saúde que quiserem implementar boas práticas de segurança do paciente, por meio de um núcleo de segurança ou construção e implantação de protocolos e ações, a Acredite Assessoria possui um programa específico no assunto, fale com a gente aqui.